segunda-feira, 22 de outubro de 2007

REUNI

Nós somos a favor da interdisciplinariedade, da expansão de vagas e do aumento de verbas para o ensino superior e concordamos com a discussão que o Reuni levanta: a problematização dos espaços físicos e humanos ociosos nas universidade. Temos professores que não querem dar aulas, salas com poucos alunos e as dificuldades encontradas por estudantes para obter transferência entre cursos e entre Universidades Federais.

Defendemos a não adesão da UnB ao REUNI este ano, por não termos tido debates e em relação aos cursos que configuram Bacharelados Interdisciplinares, que precarizam a educação e a formação profissional.
O REUNI é um decreto criado sem discussão com a comunidade, seja ela acadêmica ou não, e que se baseia unicamente em dados quantitativos (acreditamos ser viável formar 90% do número de ingressantes somente com a facilitação da transferência de alunos entre cursos e entre universidades, assim como a relação de 18 estudantes por professor se houver uma mudança curricular e pedagógica) e ignora dados qualitativos como formas de melhorar o desenvolvimento do ensino superior. Ademais, o decreto possui outros problemas como a não garantia de implantação de pesquisa e extensão, a insuficiente a oferta de verbas de custeio e, principalmente, a falta de questionamento do modelo pedagógico existente, o que poderia levar ao aumento das aulas meramente expositivas.

Acreditamos que um dos grandes problemas existente no ensino superior brasileiro é o modelo político-pedagógico, onde o estudante é o ouvinte, o receptor passivo do que é emitido pelo professor mestre; sua função é, portanto, de ouvir, aprender, isto é, memorizar e repetir bem o que lhe é transmitido, sobre verdades já prontas com critérios incontestáveis do certo e do errado.

O movimento de educação deve deixar de se pautar na reação a projetos governamentais e propor pautas e projetos próprios, não ser somente contra ou a favor sem discussão, mas avançar na discussão de modo que de fato disputemos uma política que consiga avanços e que dispute opinião nas Universidades.

O REUNI é insuficiente para mudarmos estruturalmente a realidade do ensino superior no país. O momento do REUNI é uma oportunidade para o movimento estudantil aprofundar o debate sobre o seu projeto de Universidade, reafirmando bandeiras como a reforma curricular e pedagógica; a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão; o fim do vestibular; a democratização do acesso a Universidade Pública; a garantia de políticas vigorosas de Assistência Estudantil e o aumento de verbas para a Universidade pública. Construir um projeto que abarque todas estas necessidades é tarefa urgente para o movimento estudantil!

2 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que o ensino público superior precisa ser repensado e passar por várias mudanças. Só que o REUNI não proporcionará mudanças, no sentido de melhorar o ensino obviamente. Porque mudar ele pode, mas só se for pra pior. Não existe uma conexão dos planos adotados para a educação com a elevação da qualidade juntamente com o amplo acesso à universidade provida da capacidade de abarcar e disseminar o conhecimento. Trata-se somente de escrever promessas que fatalmente não serão cumpridas. Concordo com o texto em que a única parte boa do REUNI - além da ínfima boa vontade por trás de quem redigiu o decreto - é promover a discussão sobre o ensino.
Rodolfo http://revolucaodarazaopura.blogspot.com/

Anônimo disse...

No último parágrafo do texto, é dito que deveria ocorrer o fim do vestibular. Pois qual é a proposta que daria certo, em sua opinião, para o fim deste e a tal democratização do acesso à Universidade Pública?