sexta-feira, 21 de março de 2008

ESCÂNDALOS NA UNB: OS PROBLEMAS NÃO SURGIRAM HOJE...

Nos últimos meses, a comunidade universitária, assim como toda a sociedade, tomaram conhecimento por meio da imprensa de escândalos que envolvem a gestão administrativa da UnB. Estamos todos estarrecidos com o gasto de quase meio milhão de reais na reforma do apartamento funcional do reitor Timothy Mulholland, e com o desvio de função da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos – Finatec, que tem suas contas rejeitadas pelo Ministério Público desde 1999, e vem investindo em atividades sem nenhuma ligação com pesquisa científica, como a construção de um shopping center em Águas Claras e vem servindo de "intermediária" (eufemismo para "testa-de-ferro") em contratos milionários para que empresas privadas possam prestar serviços sem precisar passar por licitações, burlando assim a lei de licitações.

Nós, do grupo estudantil Reconstruindo o Cotidiano acreditamos que, diferente da abordagem simplista que vem sendo feita pela mídia, o problema é bem mais antigo e bem mais profundo do que uma análise superficial faz parecer, e sua solução envolve bem mais que uma simples intervenção temporária nas fundações problemáticas e uma investigação por parte da justiça, precisamos de uma solução política e administrativa de caráter permanente! O problema não é apenas a corrupção individual, mas também a própria estrutura de gestão da universidade; pensando assim, precisamos de grandes mudanças, no sentido de realmente revolucionar o modo de gestão da universidade.

Estas fundações de caráter privado ditas "de apoio" representam na verdade uma privatização branca da universidade, arrecadam fundos utilizando o espaço físico e o material humano das universidades, usando do "marketing" do nome da universidade para que professores com dedicação que deveria ser exclusiva administrem projetos em sua maioria comprometidos com grandes empresas e não com o conjunto da sociedade, sem transparência e sem democracia.

Cabe ressaltar que todos esses problemas não surgiram por culpa de apenas uma pessoa, mas sim pelas mãos de um grupo político que está no poder na UnB a mais de 15 anos, grupo este que se sustenta pelos mais diversos meios de clientelismo e pela falta de democracia nos conselhos da universidade e nas eleições para a reitoria, que supervalorizam os professores, que detém 70% dos votos, em detrimento dos estudantes e dos funcionários, que somados, detêm os outros 30%, e principalmente, da sociedade em geral. É desta maneira que este grupo político construiu ao longo de vários anos este projeto de universidade sem democracia, sem transparência e com diversos problemas administrativos e financeiros.

Para a solução destes problemas, lutaremos:

  • Pelo imediato afastamento do reitor;
  • Que todas as contas, de todas as fundações universitárias tenham que ser analisadas pelos conselhos superiores da UnB;
  • Por uma discussão séria e que envolva toda a sociedade sobre a construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade, submetida ao conjunto da sociedade, com democracia e transparência;
  • Convocação de um Congresso Universitário Estatuinte.*

GRUPO ESTUDANTIL RECONSTRUINDO O COTIDIANO


* Congresso Universitário: estância máxima decisória da universidade, em 1984 houve um que deliberou pela paridade na votação para reitor.



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Eis aqui uma representação artística do magnífico reitor e seus assessores na UnB das maravilhas (eles querem que acreditemos que está tudo bem, tudo lindo...), qualquer semelhança com a realidade NÃO É mera coincidência: