quinta-feira, 18 de março de 2010

Construção da Universidade obedeceu ao ritmo Brasília

----Esta é parte de uma matéria do jornal Correio Braziliense de 21 de abril de 1962---


Na véspera da inauguração da Universidade de Brasília a reportagem do “Correio Braziliense” foi encontrar, a uma hora da madrugada, o reitor Darcy Ribeiro entre os operários, engenheiros, arquitetos, que trabalham febrilmente para entregar a obra na data prevista: 21. Revivemos ali os tempos heróicos do pioneirismo de Brasília, em cada um o entusiasmo, a consciência de estar realizando algo de notável, era o ritmo Brasília em plena função.

Em menos de cinqüenta dias os técnicos e os operários entregaram 6 edifícios: o bloco central com 80 por 60 metros, um auditório com capacidade para 250 pessoas, dois blocos de residências para professores e alunos com todas as instalações necessárias, uma cozinha e prédios da administração.

----(...) – Vários fatos pitorescos do cotidiano são citados. Não transcrevi por falta de tempo.----

Segunda-feira próxima, depois de sessenta dias da primeira estaca, os alunos de arquitetura estarão assistindo aulas na Universidade. Dias depois, os demais alunos, também já estarão nas modernas salas de aulas. Em 1964 o Reitor Darcy Ribeiro afirma que a universidade estará com dois mil alunos de todos os Estados do País, grande número deles residindo na própria universidade. Alguns deles serão pós-graduados e funcionarão como instrutores – ensinam aprendendo. Esses alunos só poderão permanecer na universidade nessas condições, durante somente dois anos. No fim deste tempo receberão o título de mestres. Para permanecerem mais dois anos terão que fazer curso de doutorado.

A Universidade, declarou-nos o Reitor, não funcionará apenas para dentro, para seus alunos. Durante o dia os cursos normais são ministrados para os que ali se matricularam. À noite as salas são abertas para o público. A Universidade tem a intenção de estender sua função à educação do povo. O Maestro Cláudio Santoro já se encontra em Brasília, contratado para dar aulas de música para os habitantes de Brasília. Haverá cursos de cinema, cursos de difusão dirigidos aos jornalistas, comerciários, bancários, etc, e, finalmente, um programa de cursos sobre problemas brasileiros. Tancredo Neves será o professor que inaugurará um desses cursos. Nessas aulas que tem a forma do debate técnicos em diversos assuntos debaterão desde o problema de emissão de papel-moeda ao mecanismo do parlamentarismo.


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Comentários:

- Infelizmente hoje em dia as obras na Universidade de Brasília parecem "obra de igreja", ou, como diz a música, caminham "a passo de formiga e sem vontade".

- Pra piorar esse caráter inovador e crítico foi esmagado durante a ditadura. Hoje nem de longe a UnB serve como espaço de integração da academia com a população. Também não discute abertamente e seriamente os problemas e soluções para o país. A universidade está ampliando as vagas, e isso é ótimo, mas ainda estamos longe de ver cursos para a população e uma integração e diálogo da universidade com a sociedade que a financia.

- Nossa luta deve ser para combater o atraso nas obras e para resgatar o espírito fundador da nossa universidade - crítico e propositivo.