quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Sobre o Restaurante Universitário e assistência estudantil


(Proposta de texto para ser apresentado para os conselheiros do Conselho de Administração que discutirão nesta quinta 30/08 o RU, especialmente sua gestão financeira, este texto pode ser alterado a qualquer momento por decisão do coletivo).


Aos Conselheiros do CAD,

O acesso à educação, assim como a sua continuidade, é um direito de todos e todas e dever das instituições de ensino públicas. Para que se alcance a excelência acadêmica e a plena formação dos estudantes uma política de assistência estudantil é imprescindível. A nossa universidade tem que combater a evasão e auxiliar aqueles que possuem dificuldades materiais para se manter. É nesse sentido que percebemos a centralidade de políticas como a Casa do Estudante, as bolsas de iniciação científica e o refeitório universitário.

Percebendo como um direito, o RU é obrigação da UnB e não pode ser relegado à iniciativa privada, que objetiva sempre o lucro e não o pleno desenvolvimento dos estudantes. As condições precárias que se encontra o nosso refeitório são decorrência de anos de pouco investimento e negligência. Há um descompasso entre o crescimento da universidade e os baixos investimentos em assistência, especialmente com o RU. A alimentação é condição mínima para que um estudante se mantenha estudando e como tal deve ser vista como um investimento na melhora da nossa universidade.

A UnB tem aumentado sua verba nos últimos anos, seja com o repasse do MEC seja com a fomentação de recursos a partir das suas fundações. Com isso, percebemos que há espaço para que esse descompasso diminua. O investimento em assistência estudantil é fundamental para que a nossa educação superior possa ser completa e as últimas gestões da reitoria têm deixado o RU crescer em número de atendimentos sem aumento orçamentário, que contribuiu para seu sucateamento.

Verba para assistência estudantil é um investimento para a educação e direito dos estudantes. A partir dessa visão fazemos coro à ANDIFES ao afirmar a centralidade da assistência na educação superior e ao lançar propostas como a criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil e a inclusão da assistência na matriz orçamentária das IFES. Além disso, achamos que o RU deve ser repensado no sentido de procurar formas de melhorar o seu atendimento promovendo mudanças como, venda de créditos em horários alternativos, gratuidade para os estudantes do grupo I e maiores discussões sobre seu funcionamento com a parte mais interessada, os estudantes.

O nosso refeitório, assim como as outras políticas de assistência, como a reforma e ampliação da Casa do Estudante, do HUB e a reforma do Centro Olímpico, são imprescindíveis para o desenvolvimento dos estudantes e da própria UnB. Por isso, a reitoria deve percebê-las como um investimento e não como um mero gasto. O RU ajuda milhares de estudantes se manterem na UnB e a privatização e/ou aumento dos preços acarretariam em uma negação de auxílio aos estudantes que lutam diariamente para se formarem em centros de excelência acadêmica como a nossa universidade.

Os estudantes, ao contrário do que diz o senso comum, não gozam, em sua maioria, de condições financeiras que permitam aumentos ainda maiores nos gastos referentes à vida universitária, ou seja, compra de livros, de materiais, alimentação, etc.

É com a preocupação de formar uma universidade cada vez melhor que viemos aqui, manifestar nossa visão e dialogar com os professores e servidores, buscando uma saída positiva para a assistência estudantil.


Grupo Reconstruindo o Cotidiano

Construindo um Movimento Estudantil diferente!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da Vale do Rio Doce


Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da Vale do Rio Doce


Militantes dos movimentos sociais, pastorais e centrais sindicais estiveram reunidos em Brasília, DF, nos dias 15 e 16 de novembro para avaliar o processo da Assembléia Popular, analisar a atual conjuntura e planejar o ano de 2007. No encontro foram identificados os desafios para os movimentos sociais, após a reeleição do Presidente Lula.

Na reunião foi denunciado o processo da Vale do Rio Doce. O valor da Vale, segundo estudiosos, é superior a 40 bilhões de reais, mas foi vendido, em 1997, durante o governo de FHC, por apenas 3,1 bilhões. Como se isso não bastasse, após a privatização, o lucro somente do primeiro ano foi de quase 10 bilhões de reais.
Diante de tantas irregularidades e da tamanha corrupção, em dezembro de 2005, o Tribunal Regional Federal, em Brasília, acatou uma ação judicial e reconheceu a nulidade da avaliação do valor da venda da Vale do Rio Doce, possibilitando a anulação do leilão. Daí o grande desafio posto para os movimentos sociais: reverter esse quadro e anular o leilão, já que há respaldo jurídico. O Presidente Lula, num dos debates da campanha eleitoral disse que foi um erro ter privatizado a Vale.

Plebiscito pela anulação do leilão da Vale

Assim, na reunião foi aprovado que, no ano de 2007, a grande batalha dos movimentos sociais será o Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da Vale do Rio Doce. Para isso haverá uma reunião ampliada em março onde se discutirão a produção de materiais populares de divulgação e formação sobre o tema, a realização do encontro de formação de formadores, e até agosto, haverá assembléias populares municipais em preparação do plebiscito. Será mais um grande processo de trabalho pedagógico em busca da soberania nacional.

O Plebiscito Popular se realizará na semana da pátria de 2007 e culminará com o 13º Grito dos Excluídos. Aliás, a realização de Plebiscitos juntamente com o Grito, tem mostrado bons resultados, como o Plebiscito da Dívida e da Alca. Com certeza serão milhões de brasileiros exercendo sua cidadania.

fonte: www.mst.org.br


videos da campanha: http://www.avaleenossa.org.br/video_ple.asp

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Arruda visita UNB pra discutir C&T

Clipping da matéria da ACS da UNB, in http://www.unb.br/acs/releases/rl0807-11.htm

Governador Arruda visita a UnB
Equipe do GDF visitará dois laboratórios e a Usina de Bioóleo durante a manhã desta quarta-feira, além de lançar editais de apoio à pesquisas
O desenvolvimento autônomo e sustentável do Distrito Federal e Entorno passa, necessariamente, pela pesquisa científica na região. Mas ainda há um longo caminho a percorrer. O Distrito Federal é a unidade da federação brasileira que menos investe em Ciência e Tecnologia (C&T) - apenas 0,02% de sua receita total é destinada para este fim. Ciente da necessidade de valorização da pesquisa, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, vem à Universidade de Brasília nesta quarta-feira, 22 de agosto, para conhecer alguns dos principais projetos desenvolvidos na instituição. A UnB será o primeiro local a ser visitado pelo Governo na Ciência, Tecnologia e Inovação, que passará ainda pelas sedes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), às 13h, e da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), às 16h.
A partir das 9h, o reitor da UnB, Timothy Mulholland, receberá o governador, o secretário de Ciência e Tecnologia, Izalci Lucas Ferreira, os demais secretários do DF e representantes do segmento de pesquisa em cerimônia no Centro Comunitário Athos Bulcão. Nesse primeiro encontro, Arruda lançará o novo edital do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), os editais de Demanda Induzida, de Demanda Espontânea, e o novo edital de Iniciação Científica Júnior, além de autorizar o pagamento da 3ª parcela do Pronex (veja mais informações abaixo).
Após a cerimônia no Centro Comunitário, o governador e os secretários visitarão a Usina de Bioóleo, que usa o método de craqueamento para produzir até 200 litros de óleo combustível por dia. Resultado de uma parceria entre a UnB e a Embrapa, a unidade é capaz de fabricar biodiesel a partir de materiais como óleo de soja, de mamona, de dendê, de andiroba, de pequi e também resíduos gordurosos de animais.
A equipe do GDF também vai conferir os trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Microscopia Eletrônica, do Instituto de Ciências Biológicas (IB). Entre as pesquisas, destaca-se a que permitiu desvendar o genoma do baculovírus de anticarsia, que ataca a lagarta da soja, maior praga da cultura. A visita inclui ainda o Laboratório de Geotecnia, que possui cerca de 100 aparelhos de pequeno e grande porte para auxiliar nas análises da segurança em obras.
Para o reitor da UnB, a preocupação com as pesquisas em C&T e o investimento na área são imprescindíveis para seu crescimento no Brasil e no DF. "Temos universidades e pesquisas de ponta, e pesquisadores qualificados em número invejável, espalhados por numerosas instituições. O que falta é articular a inteligência instalada com a produção - juntar o conhecimento tão duramente conquistado à geração de emprego e renda tão desejada", afirma Mulholland.
DEMAIS ATIVIDADES - Na Embrapa, o governador assinará o termo de compromisso para implementação do Parque de Biotecnologia do Distrito Federal e, na Fibra, uma mensagem encaminhando à Câmara Legislativa o Projeto de Lei de Inovação do Distrito Federal, que visa estimular o desenvolvimento de C&T no setor produtivo da região. Também vai anunciar a liberação de recursos para o Programa de Apoio às Pequenas Empresas (Pappe), que beneficia, atualmente, 22 projetos de pesquisa diretamente nas atividades produtivas.
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Eu acho boa a iniciativa, o GDF tem mesmo que investir em educação e talz, mas só não entendo porque ele não vai visitar(e, pelo o que indica, nao vai investir) nenhum lugar que pesquise ciencias humanas e sociais. A UnB se destaca tanto nessa área, aposto que todo o corpo do GDF se espantaria com os resultados da produção de pesquisa em ciências humanas. por que não dar mais folego pra essa parte da universidade que é tão pouco incentivada e custeada?

Pesquisando mais os projetos do GDF achei mtus pontos interessantes, que com certeza, abordarei novamente por aqui.
Estarei lá amanha.
Abraços.

domingo, 19 de agosto de 2007

Repasse da 331ª Reunião do Conselho Universitário - CONSUNI


Yuri Soares Franco
Estudante de História - UnB
Membro do Consuni


A reunião ocorreu dia 10 de agosto no Auditório da Reitoria.

Da parte dos estudantes estávamos presentes eu e o Martin do DCE, que chegou uma hora atrasado.

Pauta apresentada pela Reitoria:

1- Outorga de títulos de Professor Emérito para o professor Professor Bohumil Méd, para o professor Carlos Lisboa e de Mérito Universitário ao Servidor Cícero Evimarde;

2- Proposta de criação do Centro Transdisciplinar de Educação do Campo e Desenvolvimento Rural da UnB – Campus Planaltina.

3- Criação do Programa de Doutorado Interinstitucional em Ciências Sociais e Relações Internacionais “Tipo Dinter” na área de Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas.

Na outorga de títulos me abstive em todas as votações, assim como reclamei de ter recebido a convocatória com dois dias de antecedência e o material a ser apreciado apenas ao chegar na Reitoria, o que impossibilita qualquer consulta e debate com os estudantes sobre os temas.

O Centro Trandisciplinar não foi discutido, pois a professora Maria Luisa Ortiz Alvarez, relatora, não estava presente.

O doutorado não foi votado, pois houveram muitas divergências dos professores da Sociologia, da Ciência Política e outros, ficou decidido que o projeto seria melhorado e discutido para ser apresentado novamente em outro Consuni.

Também foi discutida a greve dos servidores, com repasse do sindicato dizendo que a greve deve terminar em breve, o reitor disse que o calendário ainda não foi muito afetado.

A professora Rachel Nunes, presidente do Sindicato dos Professores da UnB, falou sobre a mobilização do sindicato para garantir que não haja nenhum corte de salário de uma gratificação que seria cortada pois segundo o reitor, estaria sendo recebida por erros da burocracia do Governo.

O Reitor apresentou estatísticas preocupantes, 50% dos doutores da UnB não estão engajados em pesquisas na pós, e o crescimento de artigos publicados por professores da universidade não é significativo perto das outras universidades federais, os professores reclamaram da CAPES e de seus métodos de avaliação, da sobrevalorização que as publicações internacionais tem e que os professores são expulsos da pesquisa, que por não terem boa pontuação na CAPES não tem verbas nem equipe para pesquisar, e sem isso não conseguem aumentar a sua pontuação. O professor Paulo César, da Engenharia Civil cita as universidades estaduais paulistas, que possuem fundos além da CAPES e com isso podem produzir mais e com certa independência, diz que não temos que seguir o modelo delas, mas discutir o nosso, para poder inserir estes professores afastados em pesquisas novamente.

Também foi discutido o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, o reitor disse que é um bom programa, que permite a construção autônoma de programas nas universidades, que seriam aprovados ou não pelo MEC, que os números apresentados pelo plano são viáveis e que o dinheiro viria antes da execução do projeto, diferentemente de outros governos, e mesmo que os números estabelecidos pelo plano não sejam cumpridos não é prática do MEC punir de qualquer maneira, seja com contenção de verba ou qualquer outra punição.

Quanto à construção do projeto da UnB eu enfatizei a importância da construção de debates amplos e democráticos, com a presença dos professores, dos alunos e dos funcionários, assim como da comunidade em geral, e que a mídia da UnB, como os sites e jornais, façam uma cobertura mais democrática, apresentando vários pontos de vista e as divergências, não como ocorre hoje, em que apenas a visão da reitoria é apresentada.

Apelamos novamente para que TODOS os grupos do Movimento Estudantil da UnB ocupem esse espaço, que institucionalmente está acima da Reitoria, para apresentarem suas opiniões, disputar e discutirmos amplamente os assuntos da UnB e da educação em geral.

Repasse da Palestra Desafios da formação de pesquisadores

Emanuel Holanda Barroso

Estudante de Gestão do Agronegócio - UnB


A universidade brasileira na era do conhecimento é o tema da palestra gratuita que o professor Luiz Davidovichi, membro da diretoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC), esta palestra foi ministrada na UnB na segunda-feira, dia 13, às 16h30, no auditório da reitoria. A palestra falou sobre ensino superior e um pouco sobre pesquisa.

Ao falar sobre ensino superior. A palestra fez uso de comparações com os Estados Unidos além de uma com a Coréia. Além de apontar problemas no ensino superior. Ele também disse como a educação deveria ser e onde as mudanças foram implementadas. Alem de propor um conselho independente. Ele ainda disse que a situação da educação no Brasil e caótica. Porem disse que a situação deve ser debatida. Além disso, ele disse que o problema do ensino deve ser resolvido desde o ensino básico e ainda criticou a excessiva concentração de pesquisas nas universidades brasileiras. Essa critica foi feita através da comparação destas com as universidades da Coréia e dos Estados Unidos.

Ele mostrou problemas enfrentados pelo ensino superior. A falta de vagas nas universidades. A grande concentração dos cursos de humanas já que 88% das matriculas no Distrito Federal são nos cursos de Humanas, 11% das pessoas nos de engenharia. Para isto apontou como soluções a maior diversificação do ensino superior através dos coleges, alem da expansão dos cursos noturnos.

Ele argumenta que os cursos de ensino superior devem ser compostos de ciclos relativamente curtos e pouco especializados. Caberia as empresas especializar os trabalhadores. Já que o conhecimento avança rapidamente e o recorte das profissões e altamente instável

Ao falar sobre onde foram implantadas as mudanças, ele disse que as propostas para os cursos de ensino superior foram implantadas na faculdade do ABC. Contudo esta realidade é diferente na universidade de Brasília. Segundo a professora de química formada em farmácia, já que esta tem uma história e nela os professores teriam dificuldade de adaptação às mudanças, além de possivelmente não termos massa crítica. Outro problema vivido pelas universidades publicas seria a falta de vagas, visando resolver este problema deve-se segundo ele ampliar os cursos noturnos. Contudo para que eles se configurem como uma solução para este problema e importante dar maior infra-estrutura ao campus à noite não mantendo somente as salas de aula abertas. Mas também lanchonetes e biblioteca.

Ao falar sobre os coleges diz que são instituições de ensino de nível superior, que apresentam cursos de dois a três anos. Eles seriam outra solução para a falta de vagas, pois para matricular e manter alunos em coleges é muito mais barato que matricular e manter nas universidades. Eles não são uma forma de segregação, já que depois deles pode-se continuar a formação em uma universidade. Existem alguns coleges nos Estados Unidos financiados pelo Estado.

A universidade modular também apresenta-se como uma solução para a o ensino na medida em que contribui para a redução da evasão no ensino superior, já que não se obriga os alunos a realizarem escolhas prematuras.

Outro problema vivido pela universidade segundo ele seria a excessiva concentração das pesquisas nas universidades públicas.

Ele demonstrou a excessiva concentração através de comparações com Estados Unidos e Coréia, argumentou que deveria continuar a concentrar as pesquisas, a professora argumentou que a iniciativa privada não está interessada em desenvolver pesquisas, tornando necessária uma grande participação da universidade pública.

Ele argumentou que os conselhos independentes são instituições que ficariam responsáveis pela avaliação do ensino superior. Eles são necessários, já que é complicado avaliar a qualidade das instituições, além de agregar vários ministérios.

Contudo, para a criação de conselhos independentes, é necessária uma maior participação dos estudantes no espaço já que o espaço não contou com a participação de muitas pessoas. É importante dizer eu que era um dos únicos estudantes presentes na platéia, portanto faltou divulgação junto aos estudantes de tal evento, contudo isto tornou o espaço mais rico já que pude perceber como o tema é apreciado pelos professores.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Resoluções aprovadas no Congresso da UNE e as resoluções que votamos




As resoluções aprovadas podem ser vistas no site da UNE.

Resoluções nas quais votamos:

01. CONJUNTURA
ABRIR UMA NOVA ÉPOCA NO BRASIL E NO MUNDO

Vivemos hoje em uma fase neoliberal do capitalismo, período este caracterizado pela destruição ambiental, a barbárie social e marcado pela força do imperialismo norte-americano que vem implementado guerras em todo o mundo. Esta fase vem colocando para todas as nações a subordinação das economias nacionais a serviço dos EUA, privatizando o patrimônio do povo os colocados nas mãos dos conglomerados multinacionais privados.

Contudo, na América Latina sopram ventos favoráveis os quais sinalizam para uma derrota do neoliberalismo e criam as condições para que seja implementado um projeto democrático e popular na região. As profundas transformações que ocorrem na Bolívia e na Venezuela são exemplos clássicos disso.

No Brasil, com o segundo turno das eleições presidenciais em 2006, criou-se um ambiente favorável ao aprofundamento das mudanças. A polarização nítida de dois projetos para o país resultou numa grande vitória da esquerda brasileira. Entretanto, o Governo Lula iniciou o seu segundo mandato, apresentando sinais muito contraditórios, de um lado apresenta o PAC que pode representar o inicio de um desenvolvimento do país e tendo como mola propulsora o estado brasileiro, alem do importante veto presidencial a emenda 3. De outro lado apresenta o PLP 01, que congela os gastos nos serviços público pelos próximos dez anos e o projeto que prevê a restrição ao direito de greve.

Além disso o governo manteve ou indicou para a composição do segundo governo nomes que imperam o desenvolvimento com distribuição de renda e riquezas. Entre eles, Helio Costa, funcionário da Rede Globo, no Ministério das Comunicações e Henrique Meireles no Banco Central o qual aplica uma política econômica que apenas reforça a hegemonia do capital financeiro em nosso país.

É importante ressaltar também que parcela destas opções se dá necessariamente pela ampla coalizão de centro-esquerda. Por isso, cabe à UNE ir pras ruas e pressionar o governo para que as bandeiras históricas, assumidas pela candidatura Lula nas eleições, sejam implementadas.

É fundamental que a UNE dê uma resposta ofensiva para a sociedade em relação aos acontecimentos dos últimos dias no Congresso Nacional. O debate da reforma política foi esvaziado para atender os interesses fisiológicos de setores conservadores da política brasileira, a reforma acabou sendo literalmente sepultada e os setores progressistas foram derrotados no Congresso Nacional. Por isso, defendemos a realização de uma Constituinte capaz de fazer uma ampla reforma política que englobe o financiamento público de campanha, lista fechada, maior participação popular, entre outros pontos. O escândalo que envolve Renan Calheiros (PMDB – AL), é um retrato da consequência desse sistema político que deve ser mudado profundamente. Nesse sentido, a UNE precisa dar uma resposta ofensiva e pedir a imediata cassação do mandato de Renan Calheiros – Fora Renan!

Os atos unificados do dia 23 de maio foram positivos e um avanço para o Movimento Social. Grandes mobilizações foram realizadas. Contudo, é preciso que a unidade se dê, principalmente, em torno daquilo que achamos que o Governo deve implementar e não centralmente através do combate às iniciativas equivocadas do Governo. Assim o movimento social e a UNE serão capazes de influenciar de fato nos rumos do governo para mudar o país.

- Todo o apoio ao Plebiscito da Vale – Anulação do leilão já!
- A UNE deve lutar pela realização da Conferência Nacional de Comunicação – pela democratização da comunicação e pela não renovação da concessão da Rede Globo!!!
- Pela retirada do PLP 01!
- Pela mudança da política econômica. Fora Meirelles, fora a tucanada do BC.
- Fora Renan Calheiros - Pela punição de todos os corruptos!


02. EDUCAÇÃO

Entendemos que o acesso ao conhecimento e à formação intelectual é condição fundamental para o desenvolvimento social e a elevação do nível de consciência dos povos. A educação, assim, é um bem público, que não deve ser apropriado privadamente pelas classes dominantes e nem tampouco se constituir em privilégio de uma minoria. A educação, portanto, é um direito universal, que deve ser garantido pelo Estado com recursos públicos, condição sine qua non para a manutenção de seu caráter laico, democrático e não discriminatório, bem como da liberdade e autonomia pedagógica e científicas necessárias a seu exercício.

A UNE e o Movimento Estudantil durante o último período permaneceu polarizado entre os que foram a favor e os que foram contra a reforma universitária. O fato de manter-se exclusivamente com uma postura reativa às propostas do governo acabou paralisando e dividindo a UNE a qual não foi capaz de pautar o governo e, a partir daí, disputar o Governo Lula.

Portanto, é necessário que a UNE inaugure um novo período. Um período que não seja pautado exclusivamente pelas propostas governamentais, pois há setores que se utilizam do debate da reforma apenas para como um mote que os permite construir a oposição ao governo Lula. Ao contrário, esse período deve ser marcado pela necessidade de realizarmos uma grande disputa de projeto de Universidade. A UNE deve ser capaz de mobilizar os estudantes para mudar profundamente a Universidade Brasileira.

Mudar a Universidade brasileira significa combater os tubarões do ensino, diminuindo assim a hegemonia desse setor, radicalizar na expansão de vagas nas Universidades Públicas, ampliar para, no mínimo, 7% do PIB para a educação e mudar a orientação política-pedagógica do ensino superior, garantir a implementação das ações afirmativas nas Universidades.

O PDE apresentado pelo governo sinaliza positivamente em relação a um maior investimento do Estado para com a educação, contudo, é preciso que a UNE pressione para que avance ainda mais principalmente em torno do financiamento, da democratização do acesso e da permanência.

Nesse sentido, como resultado das ocupações de reitorias realizadas pelo Movimento Estudantil o MEC anunciou a garantia de uma rubrica específica para a assistência estudantil. Isso pode ser considerado uma vitória, pois a mesma foi cortada pelo governo FHC em 1997. Entretanto, o montante de recursos disponíveis não estão definidos e cabe a UNE exigir através de mais mobilizações, no mínimo, R$ 200 milhões!

Isso é preciso porque entendemos que é tarefa da UNE nesse novo período lutar bravamente para que a Universidade esteja a serviço dos interesses populares e jamais do mercado e das grandes empresas, do desenvolvimento soberano do país, da distribuição de renda e riquezas e seja capaz de elevar a consciência do povo brasileiro. A UNE deve impulsionar a luta por uma Universidade democrática e popular.

- Por uma grande jornada em agosto e setembro pela Universidade Democrática e Popular!
- Combate a mercantilização do ensino privado – por uma campanha permanente pela regulamentação do ensino pago, redução de mensalidades e aprovação do PL da UNE.
- Pelo mínimo de 7% do PIB para a educação – ampliação do financiamento público para as Universidades;
- Pela radical democratização do acesso e permanência nas Universidades – R$ 200 milhões para a Assistência estudantil já!



03. MOVIMENTO ESTUDANTIL

MUDAR E DEMOCRATIZAR A UNE

A UNE possui um papel importantíssimo no combate à mercantilização, na defesa do direito à educação pública e gratuita para todos(as) e no fortalecimento do Movimento Estudantil brasileiro. É com essa convicção que participamos, construímos e disputamos seus rumos no dia-a-dia das lutas estudantis.

Entretanto, o desconhecimento das ações e da própria existência da UNE é uma realidade atual para uma parte significativa dos estudantes brasileiros. Isso acontece porque a perda da capacidade da UNE de fazer parte da vida cotidiana dos estudantes, ao longo dos anos 90, afastou-a da sala de aula e, desde então, tem impedido uma relação mais direta e contínua com os CA´s, DA´s e DCE´s das instituições de ensino. A UNE tem vivido uma situação de baixa representatividade e reconhecimento por uma parcela importante dos estudantes.

Esses fatores são fruto de uma concepção equivocada de Movimento Estudantil que, muitas vezes, coloca em primeiro lugar a disputa das entidades a revelia da organização e da luta dos estudantes. Essa concepção, mantém na UNE uma estrutura de organização que impede a construção de uma relação mais profunda com as entidades do Movimento Estudantil e o contato mais direto com os estudantes aprofundando o baixo reconhecimento da UNE.

Além disso, a política de carteiras da UNE não está contribuindo para que seja um instrumento de fortalecimento da entidade, pois sua confecção está ligada diretamente a empresas privadas. Entendemos ser necessário que as entidades estudantis possam emitir as carteiras da UNE! Por isso, é necessário acabar com as fraudes na confecção das carteiras, acabar com os convênios com as empresas privadas para a confecção. Para isso, é necessário criar um Selo Nacional de Carteiras da UNE que possibilite descentralizar a confecção de carteiras através das entidades estudantis e, assim, fortalecendo-as.

Por fim, entendemos necessário um mudar fortemente o modo em que a UNE é atualmente dirigida. É preciso garantir ainda mais a autonomia da entidade, a realização dos fóruns mais amplos com as entidades estudantis e democratizar radicalmente a sua forma de organização. Acreditamos ser necessário que a UNE convoque um CONEB para o próximo ano para debater a forma de eleição da diretoria da UNE. Vivenciamos uma nova experiência com a eleição dos delegados por Universidade, agora, precisamos avaliar e debater as demais propostas existentes no Movimento Estudantil, como por exemplo, as eleições diretas.

Uma nova forma de organização, as quais boa parte já foram aprovadas no 11º CONEB, deve ser aprovada por todos/as os/as delegados/as do 50º CONUNE. Por isso propomos:

- Organização colegiada da entidade com a criação de uma Coordenação Geral e das demais coordenadorias na diretoria;
- Criação Grupos de Trabalho Temáticos com entidades do ME;
- Criação de coordenações Estaduais da UNE;
- Realização do Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) a cada dois anos;
- Democratizar a Política de Comunicação da UNE, criando um Conselho Editorial da UNE e um jornal periódico de circulação nacional e democratizando o sítio da UNE com colunas para debates;
- Construção da Escola Nacional de Formação Política Honestino Guimarães.




Por fim, apoiamos a tese Reconquistar a UNE, que formou com outros grupos, a chapa Juventude Petista, a UNE é pra lutar, que se definiu claramente como oposição ao grupo majoritário da UNE e ao rumo que vem dando a entidade nos últimos anos.